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Mostrando postagens de dezembro, 2024

A Leveza dos Laços: Profundidade em Tempos de Fluidez

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                                  Vivemos uma era de fluidez, onde tudo parece adaptável, efêmero e em constante movimento. Zygmunt Bauman, em sua metáfora da modernidade líquida, capturou o espírito de nosso tempo: relações que se moldam, desmoronam e se reformulam em ritmos que desafiam a noção de permanência. A dificuldade em sustentar vínculos duradouros reflete tanto uma conquista quanto um desafio de nossa época. Conquista porque decorre de uma autonomia sem precedentes – especialmente para as mulheres, que hoje desfrutam de liberdade, independência e igualdade, mesmo considerando as correções que ainda se fazem necessárias. Desafio porque essa liberdade, aliada à celebração do indivíduo como ser completo, muitas vezes colide com a disposição para enfrentar as crises naturais de qualquer relação. A busca por autenticidade, um traço marcante das relações modernas, muitas vezes se confunde com a b...

Parindo o homem

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            Na aparente tranquilidade do universo primordial, no infinito mar de potencialidades que antecedeu ao tempo, apenas as vontades existiam. Elas viviam por um doloroso e incompreensível instante e logo se dissolviam no nada. Jamais geravam acontecimentos. Eram como pensamentos soltos e desconexos, sem pertencer a tempo ou lugar.  O maior desejo de cada vontade, de cada embrião de pensamento, era descobrir e conhecer profundamente todas as outras. Os meios materiais, no entanto, ainda não existiam. O intercâmbio de sensações e informações era impossível. Todas as vontades buscavam uma orientação, mas não fluíam, nem convergiam com liberdade. Os infinitos arranjos tornavam complexa a realização do sonho secreto e comum. Na ausência de soluções, uma forte opressão era gerada. A imposição de quietude provocava uma grande instabilidade no nada. Potencialidades permaneciam eternamente sendo tudo o que poderiam ser, mas sem jamais se tornarem al...

Projeto educacional

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  Diante do cenário atual da educação em nosso país, gostaria de apresentar uma proposta que poderia contribuir significativamente para o desenvolvimento humano de nossos cidadãos, com um investimento reduzido e um grande impacto social. Vivemos numa era que pode ser considerada o pé da curva exponencial tecnológica. A educação sempre é essencial para um futuro digno para os brasileiros e a solução para a maioria de nossas dificuldades. Muitas transformações exigem do ser humano uma qualificação que a cada dia se torna mais exigente. Nossa realidade em contrapartida, apresenta muitos excluídos até da formação básica. Crianças fora da escola, adolescentes que tiveram que se dedicar ao trabalho e não puderam continuar os estudos. Moradores de rua, e outros grupos sem direcionamento adequado que não sabem nem por onde começar. Não basta cuidarmos da fome e dos aspectos básicos da sobrevivência, isso é importantíssimo para não nos tornamos desumanos, mas devemos dar ao brasileiro a c...

Undo

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              Se a vida tivesse um botão de "Desfazer" Outro dia me peguei olhando a tela do computador e pensei: como seria se a vida tivesse um botão Undo ? Sabe, aquele ícone salvador do Word que desfaz qualquer cagada – digo, deslize – com um simples clique? A ideia me transportou direto para as aulas de datilografia da adolescência. Era um terror: cada letra era uma decisão irrevogável. Tecla errada? Adeus, página perfeita. O papel parecia julgar meus erros com um rigor que nem minha mãe no boletim escolar. Rasurar, então, era pecado mortal. Mas na vida real, não há volta. Não há edições. Cada erro fica ali, como um rabisco imortalizado no papel que desempenhamos na vida. O universo, por algum motivo, acha justo que a gente sofra por distrações que duram um segundo – mas cujas consequências duram para sempre. Pior ainda, os erros cotidianos têm uma tendência irritante de acontecerem nos momentos mais inusitados e serem permanentes. Um Undo al...

Entre mundos !

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                                                                           De acordo com as estimativas mais aceitas da Population Reference Bureau (PRB), cerca de 117 bilhões de pessoas já viveram na Terra desde o surgimento do Homo sapiens , há aproximadamente 200 mil anos. No entanto, os oito bilhões que vivem atualmente fazem parte de uma geração única: nasceram em um mundo e morrerão em outro, radicalmente transformado.                                      Para muitos, especialmente os nascidos entre meados e o final do século XX, essa realidade não é apenas uma constatação, mas o cerne de sua experiência de vida. São testemunhas de mudanças tão rápidas e pr...