O Não Nosso de Cada Dia

Quantas vezes dizemos ‘sim’ quando na verdade queríamos dizer ‘não’? Às vezes, um “não” soa como um sopro de vento gelado, de repente, congela olhares, levanta sobrancelhas, cala conversas. Então vem aquele instante em que nos perguntamos: “Será que ultrapassei o limite?” Mas, no fundo, o ato de negar é também a coragem de abrir brechas, janelas, frestas onde um milhão de “sins” silenciosos florescem. Fomos ensinados, desde cedo, a dizer “sim” sem pestanejar. Agradar é quase instinto, tão automático quanto respirar. Basta lembrar do tempo em que um sorriso de aprovação valia mais do que qualquer brinquedo, e a certeza de pertencer dependia de concordar. É fácil entender por que agora, na hora do “não”, sentimos pontadas de culpa ou uma culpa difusa, assim, pairando como um véu. Afinal, quem quer arriscar ser tachado de “complicado”, chato, ou negativo? ...